A preocupação com o tempo sempre foi algo presente na vida dos homens. Afinal, a única certeza que temos ao nascer é que um dia morreremos. Como lidar com a ideia de não ter o controle sobre isso?
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz. Eclesiastes 3:1-8
Você não vive o tempo, você vive a vida. Não pense que uma vida equilibrada é fruto de uma administração do seu tempo… Uma vida equilibrada é fruto de uma boa administração de sua vida. Para exemplificar isso, veja o estudo de Christian Barbosa, especialista em produtividade pessoal, trazendo uma nova percepção sobre administração de vida ao colocar nosso tempo em 3 esferas de atuação:
- Importante está diretamente relacionada às atividades que realizamos e são relevantes, trazendo resultados a curto, médio ou longo prazo. Têm prazos de execução, porém nunca são urgentes. Proporcionam prazer ao serem executadas, sendo que a maioria delas é espontânea.
- Urgente abrange todas as atividades para as quais o tempo está curto, no limite ou já se esgotou. São as exigências que chegam em cima da hora e que não podem ser previstas. Em geral, acabam trazendo pressão e estresse.
- Circunstanciais são as atividades desnecessárias, consideradas apropriadas pela sociedade, excessivas e sem resultados. São os gastos inúteis de tempo, como checar várias vezes por dia as redes sociais ou atividades feitas por comodidade. Não trazem resultados e há alto potencial para gerar apenas frustrações.
Na prática, veja como isso afeta sua rotina:
Quando a esfera da urgência é a maior, seguida da circunstancial e, por fim, a importância, há uma tendência em querer “salvar o mundo”, apagar incêndios, se sufocando com problemas que nem são seus. Para fugir desse imediatismo, perde tempo com coisas circunstancias, ou seja, dorme em excesso, passa horas em frente da tv, redes sociais ou saindo com os amigos, tudo isso como uma maneira de escape do estresse diário. Contudo, o resultado dessas escolhas causam ainda mais estresse, cansaço, tendência a depressão e muita insegurança. Um erro muito comum é definir as urgências como prioridades. Assim, muitos se preocupam em priorizar as urgências, mas acabam deixando as coisas importantes de lado.
Quando a esfera da circunstância é a maior, seguida da urgência e, por fim, a importância, há uma tendência em fazer o que é socialmente aceitável, ou seja, há uma conformidade com a realidade e muitas pessoas ficam presas ao vitimismo. São escravas do destino, aceitam qualquer coisa que lhe oferecem. Suas escolhas geram comparação, inveja, culpa, ressentimento e vergonha.
Quando a esfera da circunstância e da urgência estão iguais ou parecidas, nota-se um esforço grande em equilibrar o que é urgente com o que é circunstancial, se frustrando por “algo estar faltando”, “ver que a vida está andando em círculos”, não saber falar “não”. Como negligenciam o que é importante, muitas pessoas sentem que não expandem, vivem o propósito de outros e estão em constante neutralidade.
Quando a esfera da importância está disparadamente maior do que as demais, seguido da urgência e, por fim, circunstância, o que é importante é respeitando, trazendo a sensação de equilíbrio na rotina. Existe organização e execução das metas com consciência, e mesmo que surjam urgências e circunstâncias de última hora, saberá lidar com elas sem deixar-se engolir pelas demandas. Planejar é a melhor forma de ganhar tempo, trazendo satisfação, paz, alegria, amor e propósito.
Quando pensamos que as coisas importantes são aquelas que norteiam nosso propósito dado por Deus, como temos planejado nossa vida? Onde está nossa energia, força e foco?
Dirigindo-se aos seus discípulos, Jesus acrescentou: “Portanto eu lhes digo: não se preocupem com suas próprias vidas, quanto ao que comer; nem com seus próprios corpos, quanto ao que vestir. A vida é mais importante do que a comida, e o corpo, mais do que as roupas. Observem os corvos: não semeiam nem colhem, não têm armazéns nem celeiros; contudo, Deus os alimenta. E vocês têm muito mais valor do que as aves! Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida? Visto que vocês não podem sequer fazer uma coisa tão pequena, por que se preocupar com o restante? “Observem como crescem os lírios. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, quanto mais vestirá vocês, homens de pequena fé! Não busquem ansiosamente o que hão de comer ou beber; não se preocupem com isso. Pois o mundo pagão é que corre atrás dessas coisas; mas o Pai sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, o Reino de Deus, e essas coisas lhes serão acrescentadas. “Não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-lhes o Reino. Vendam o que têm e dêem esmolas. Façam para vocês bolsas que não se gastem com o tempo, um tesouro nos céus que não se acabe, onde ladrão algum chega perto e nenhuma traça destrói. Pois onde estiver o seu tesouro, ali também estará o seu coração”. Lucas 12:22-34
Nesta parábola, Jesus mostra que as urgências deste mundo não podem nos afastar do propósito maior que é pensar no Reino. Ele apresenta três pontos importantes para alcançarmos essa nova mentalidade:
- NOVA VISÃO: “A VIDA É MAIS”. A vida não se limita ao objeto da nossa ansiedade. Jesus, ao conversar com os discípulos, afirma que a vida é mais que comida, bebida e vestes. Para vencer a ansiedade precisamos enxergar a vida com outra ótica.
- IDENTIDADE: “OS GENTIOS É QUE SE PREOCUPAM COM ESSAS COISAS”. Jesus diz que os gentios têm um comportamento, mas os filhos do Reino são diferentes.
- PROPÓSITO: “AJUNTEM TESOUROS QUE NÃO DESGASTAM”. Quando realizamos apenas para juntar, para ter o que é material, nos expomos a ansiedade. Se quisermos vencê-la, precisaremos ter claro nosso propósito de vida.
A ansiedade é como uma carga pesada que não produz nenhum benefício. Jesus afirma que a preocupação excessiva é inútil, não acrescenta nada, não produz e não traz resultados. Uma interessante estatística, retirada do livro “Como ter o coração de Maria em um mundo de Marta” de Joana Weaver, indica que:
- 40% de nossas preocupações são coisas que nunca acontecerão;
- 30% se referem ao passado – não tem como alterar;
- 12% referem-se a críticas de outras pessoas, que na maioria das vezes não tem fundamento;
- 10% são sobre nossa saúde ou de nossa família, e isso piora o estresse;
- 8% referem-se a problemas de verdade que podem ser resolvidos.
Você se identifica com isso? Que tal fazer uma mudança radical no seu dia a dia? Veja a história a seguir:
Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado, onde certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo-lhe a palavra. Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: “Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com serviço? Dize-lhe que me ajude!”. Respondeu o Senhor: “Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada”. Lucas 10:38-42
Jesus visitou Marta, Maria e Lázaro, uma família que amava, que o acolheram muitas vezes durante suas viagens. O que vemos no texto é que Maria escolheu a contemplação, a escuta da Palavra, ter tempo de qualidade com Jesus. Mas, Marta, se preocupou em servir, agradar e recebê-Lo bem. Ela tinha motivações nobres, contudo, no momento errado. Enquanto Maria estava agindo na esfera da importância, Marta estava presa às circunstâncias da vida.
Talvez você esteja perdendo tempo de qualidade com pessoas que ama, pois está preso demais nas circunstâncias deste mundo, nos afazeres, nas tarefas, nas atividades que poderiam ser delegadas para que você cumpra seu propósito, ou seja, aquilo que só você pode fazer.
Lembre-se, organizamos nossa rotina com base em três esferas: importância, urgências e circunstâncias. A ordem de prioridade somos nós quem estabelecemos. Como os discípulos, podemos viver para apagar o fogo, pensando tanto no futuro que a ansiedade bate à porta com frequência. Ou como Marta, tão ocupados com coisas que tiram o foco e não agregam em nada, perdendo momentos preciosos em que Jesus quer nos levar mais perto de nosso propósito. Contudo, podemos ter um planejamento de vida, administrando bem esse presente que Ele nos confiou. Cada noite, colocar a cabeça no travesseiro e saber que, não importa o quão cansativo tenha sido o dia, estamos correndo a carreira que nos foi proposta.
Você é o senhor do seu tempo! Espero que está reflexão fale ao seu coração!
Com amor, Lari.